Categoria já consagrada do gênero Mountain Bike (MTB), o downhill é um esporte que junta muita velocidade a um alto nível de precisão e controle da bike em pistas cheias de obstáculos de tirar o fôlego e o melhor: fazendo jus à expressão “ladeira abaixo”.
Seja em terreno natural acidentado ou em ambiente urbano, a categoria chama atenção pelo nível técnico dos competidores e pelas belíssimas imagens dos saltos e transposições dos mais variados obstáculos.
Venha conferir como funciona o downhill e aprender os detalhes sobre esse esporte emocionante e suas competições. Conheça também as principais diferenças nas bikes da modalidade e como iniciar a prática de maneira segura.
O que é downhill?
O nome é sugestivo: hill é uma palavra da língua inglesa usada para descrever um acidente geográfico como uma colina, montanha ou morro. Dessa forma, downhill significa, literalmente, “colina abaixo”.
As pistas de downhill costumam ser rápidas, com os atletas chegando a atingir incríveis 80 km/h, manobrando por diferentes obstáculos e encarando tipos de solo que apresentam pouca aderência, com barro e pedras soltas.
A categoria também conta com uma versão urbana, com pistas preparadas dentro das cidades, especialmente em periferias e comunidades localizadas em regiões acidentadas com becos e ruas íngremes.
No Brasil, a descida das escadarias de Santos é uma das mais famosas provas de DHU (downhill urban).
História do downhill
A raiz do esporte remonta aos anos 70, quando nomes como Joe Breeze, Gary Fischer, Tom Ritchey e Charlie Kelley, que hoje são lendas do downhill e líderes da indústria de Mountain Bike (MTB), começaram a modificar bikes do tipo cruiser para descer as encostas de Marin County no noroeste de São Francisco, na Califórnia.
Os pioneiros queriam fugir da monotonia do pedal no asfalto, mas logo o esporte virou febre, com o primeiro campeonato de downhill acontecendo em 21 de outubro de 1976, em Fairfax (CA).
Ainda assim, o downhill só ganharia projeção internacional quase quinze anos depois, tendo seu primeiro Campeonato Mundial realizado em 1990 em Durango, no estado do Colorado. Aqui no Brasil, as primeiras provas aconteceram em 1991, usando bikes de cross country (XC).
No início, as pistas eram simples, em terrenos acidentados e trilhas de terra com poucas barreiras a serem transpostas. Com o desenvolvimento do esporte, mais obstáculos foram adicionados, elevando o nível de dificuldade e os formatos das provas foram sendo definidos e refinados.
Como funcionam as provas de downhill?
As provas dos campeonatos de downhill, sejam em ambiente urbano ou em montanha, são feitas individualmente, e o que define os vencedores é o tempo de descida do competidor.
A ordem de descida das provas é definida no treino de classificação, do mais lento para o mais rápido, e o que dá vantagem para o competidor melhor colocado na classificação é poder saber o tempo a ser batido e ajustar sua estratégia.
A prova é realizada em duas “mangas” (os competidores descem duas vezes) e o tempo é cronometrado com o auxílio de um chip inserido nas bikes.
Uma linha reta da largada até a chegada seria a escolha óbvia de trajeto, porém, a pista invariavelmente exige que os atletas façam desvios para driblar obstáculos que atrasam a descida.
Os atletas do top 5 sobem ao pódio, recebem as devidas premiações e somam pontos para subirem no ranking mundial, que também é usado para definir a ordem de descida dos treinos classificatórios.
Inclusive, a pole position (melhor colocação nos treinos) também conta pontos para o campeonato.
Antes da etapa de qualificação, enquanto a equipe de suporte faz ajustes na bike, os atletas fazem o reconhecimento a pé da pista, cujo percurso deve medir de 1,5 km a 3,5 km.
É nesse reconhecimento de terreno que o competidor vai definir a sua linha, a sua estratégia de descida, e registrar fotos dos obstáculos e curvas para estudar diferentes abordagens com a equipe.
O campeonato também possui provas específicas de freeride, em que o tempo não é fator decisivo para definir a pontuação, pois a complexidade do trajeto escolhido e as manobras usadas para transpor os obstáculos também contam.
Um dos mais famosos eventos de freeride é o Red Bull Rampage, prova repleta de manobras de tirar o fôlego e que explora ao máximo as habilidades dos atletas.
Como são as bikes para downhill?
As bikes usadas na prática do esporte são extremamente fortes, pois só assim conseguem suportar todo o impacto das quedas e a vibração da descida de um terreno irregular em alta velocidade.
Além da suspensão reforçada, a geometria do quadro e a densidade dos materiais são bem específicas, justamente para aguentar esse tranco. Essa combinação faz a bike de downhill ser mais resistente e bem mais pesada do que as usadas nas outras categorias de MTB.
Existem diferentes tipos de bicicletas de downhill, com faixas de preços variadas. Os modelos mais refinados podem chegar a custar R$ 50 mil.
Por causa disso, alguns atletas podem preferir montar seus próprios modelos e, para fazê-los, devem observar as características específicas de cada item que compõe a bike. Confira!
Como montar uma bike de downhill?
Cada detalhe na composição deve ser observado para encontrar um equilíbrio fino entre resistência, facilidade de direção e segurança na descida. Veja como fazer isso!
1. Quadro e guidão
A geometria é diferenciada, inclinada para trás, favorecendo a descida ao mesmo tempo em que atrapalha muito em subidas. É comum que as bikes sejam levadas de carro até a largada. O guidão usado é mais largo, com até 800 mm, e a mesa do guidão é mais curta.
2. Suspensão
Os amortecedores devem ser maiores, com curso de 200 mm, que dão conta de segurar o impacto de grandes quedas. Essa parte costuma pesar entre 15 e 16 kg.
3. Freios
Freios a disco hidráulicos garantem a segurança necessária aliada à suavidade no acionamento, essencial para frear sem perder o controle da direção.
4. Transmissão
O câmbio é traseiro e conta com 7 ou 8 marchas apenas, mais pesadas para auxiliar a aceleração. Na frente, a bike conta apenas com uma guia de corrente para evitar que essa parte escape com as quedas e trepidações.
5. Pneus
A bike conta com pneus tubeless largos, com cravos para maior aderência e aros mais resistentes. As bikes de downhill utilizavam aro 26 até 2010, mas, com a chegada dos aros 27.5 e 29 no mercado, foi adotado o aro 27.5 como padrão.
Como iniciar no downhill?
A orientação mais importante aqui é “segurança em primeiro lugar”. Se você já é praticante de alguma modalidade de MTB fica mais fácil, mas, se for começar do zero, escolha pistas suaves, de inclinação leve e poucos obstáculos.
Não esqueça de se hidratar corretamente, especialmente se estiver treinando fora do ambiente urbano e sob calor intenso.
Também é ideal iniciar a prática acompanhado de um parceiro experiente, que dê orientações específicas e possa prestar socorro em caso de quedas e lesões.
Nesse início, é importante pegar leve e dar tempo para uma boa recuperação muscular no ciclismo, impactada por novos estímulos.
Além disso, utilize sempre equipamento de proteção resistente e bem ajustado, incluindo:
- joelheiras e cotoveleiras;
- roupa adequada à prática do esporte;
- protetor cervical e lombar; e
- um capacete para proteger a cabeça contra impactos fortes.
O capacete de downhill protege toda a cabeça, muito similar ao usado no motocross, e tem uma abertura frontal que demanda o uso de óculos para proteger os olhos de poeira, folhas e galhos da pista.
Não abra mão da sua segurança e invista em equipamentos de proteção de qualidade.
E então? Motivado para se aventurar nesse esporte cheio de adrenalina e desafios? Comece aos poucos, vá pegando o jeito e logo você vai estar vivendo emoções intensas e colecionando descidas inesquecíveis.
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